Recentemente, neste ano, dois famosos foram diagnosticados com esteatose hepática, a exemplo do sertanejo Zezé Di Camargo e a funkeira Jojo Todynho.

O mês passado foi voltado para prevenção das doenças hepáticas, também chamado de Julho Amarelo. Esse órgão é responsável pela regulação do metabolismo de diversos nutrientes, síntese de proteínas e armazenamento de substâncias, a exemplo do glicogênio, encontrado principalmente em células do fígado e musculares.E dentre as doenças do fígado mais conhecidas, está a esteatose hepática, também conhecida como “gordura do fígado”. A doença atinge entre 20 e 30% da população mundial. Dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia revelam que esses números correspondem de 40 a 60 milhões de indivíduos portadores desta patologia no país. Esta doença é uma condição caracterizada pelo acúmulo de gordura excessiva no fígado, não relacionada ao consumo excessivo de álcool. O aumento dos índices de obesidade, em função de uma dieta inadequada associada ao sedentarismo, tem feito com que essa patologia se torne cada vez mais prevalente. Por meio de análise de certos parâmetros bioquímicos no exame de sangue, assim como exames de imagem e ultrassom de última geração, podem ser grandes aliados no combate e avanço da doença.Para falar do assunto, o Dr. Augusto Villela Pedras, radiologista da Clínica Villela Pedras, aborda questões relacionadas aos exames usados no tratamento da esteatose hepática, para acompanhar a evolução do quadro, assim como ressalta a importância de associar esses exames a parâmetros bioquímicos específicos, por meio do exame de sangue, a fim de monitorar de uma melhor forma essa patologia. 1 – Quais são os exames que podem ser usados no tratamento da esteatose hepática, para acompanhar a evolução do quadro?
O diagnóstico e o controle evolutivo da esteatose e fibrose hepática podem ser realizados por exames laboratoriais, exames de imagens e biópsia: · Exames laboratoriais: dentre os exames laboratoriais, vários marcadores sanguíneos são utilizados, no entanto, os critérios mais validados externamente são o escore de fibrose na DHGNA - doença hepática gordurosa não alcóolica, o calculador de fibrose 4, além do Fibro Test; · Exames de imagem: destacam-se a Ultrassonografia (USG) e a Ressonância Magnética. Pela USG, podemos realizar o acompanhamento de duas formas:
Elastografia transitória (FibroScan) Nos aparelhos modernos, pode-se avaliar o fígado de forma multiparamétrica, destacando-se no seguimento desses pacientes. A avaliação ultrassonográfica padrão, pelo modo B, nos permite avaliar a atenuação hepática, a homogeneidade do parênquima, presença ou não de ascite e o contorno do órgão. Ao associarmos o recurso da elastografia, pelas técnicas depoint-share wave ou, a mais atual, 2D shear wave, estudamos o grau de deformação ou dureza do fígado com alta correlação com a biópsia. Dispomos também da tecnologia de coeficiente de atenuação, podendo calcular o percentual de gordura no fígado. Além disso, podemos complementar com o estudodo pplerfluxométrico dos vasos hepáticos.
O acompanhamento, também pode ser feito pela Ressonância Magnética que consegue realizar o estudo por elastografia e, utilizando sequências específicas,quantifica a gordura hepática. · Biópsia: de acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia só é fortemente indicada em casos de: suspeita deesteato-hepatite para diagnóstico diferencial com outras doenças crônicas do fígado; DHGNA com risco elevado de ter esteato-hepatite e/ou fibrose avançada sugerida pelos marcadores sorológicos e/ou elastografia hepática; enzimas hepáticas (ALT/AST) elevadas por mais de três meses; e portadores de síndrome metabólica não controlada após 6 meses de tratamento não medicamentoso e alteração de hábito de vida. 2 – Qual a importância de associar esses exames a parâmetros bioquímicos específicos, por meio do exame de sangue, a fim de monitorar de uma melhor forma essa patologia?Os exames de ultrassom e ressonância permitem distinguir pacientes sem ou com fibrose mínima, e diferenciá-los dos pacientes com fibrose grave ou cirrose, e associados a parâmetros bioquímicos, permitem indicar mais precisamente a biópsia, reduzindo a necessidade de procedimento invasivo para o diagnóstico.